todo
o santo dia bateram à porta. não abri, não me apetece ver pessoas,
ninguém.
escrevi
muito, de tarde e pela noite dentro. curiosamente, hoje, ouve-se o
mar como se estivesse dentro de casa. o vento deve estar de feição.
a ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me.
desconfio
que se disser mar em voz alta, o mar entra pela janela.
sou
um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer. que mais posso
desejar? e no entanto, não estou alegre nem apaixonado. nem me
parece que esteja feliz. escrevo com um único fim: salvar o dia.
Al Berto
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