August Sander
“- Não existe boa influência –
respondeu Lord Henry. – Toda influência é imoral – imoral do ponto de vista
científico -, porque influenciar uma pessoa é dar-lhe sua própria alma. Ela já
não pensa com seus próprios pensamentos nem sente suas próprias paixões. Suas
virtudes não são reais para ela. Seus pecados, se existem tais coisas, são
emprestados. Torna-se um eco da música de outra pessoa. O objetivo da vida é o
autodesenvolvimento. Cumprir a própria natureza perfeitamente – essa é a razão
por que estamos aqui. As pessoas têm medo de si mesmas, hoje em dia.
Esqueceram-se de seu principal dever. Claro que são caridosas: alimentam os
famintos, vestem os mendigos. Mas suas próprias almas morrem de fome e estão
nuas. O terror da sociedade, que é a base da moral, e o terror de Deus, que é o
segredo da religião, são as duas coisas que nos governam. Mas eu acredito que
se um homem vivesse sua vida completamente, desse forma a todo sentimento,
expressão a todo pensamento, a realidade a cada sonho, acredito que o mundo
ganharia um impulso novo de alegria. Mas o mais corajoso dos homens tem medo de
si mesmo. Cada impulso que lutamos para estrangular aninha-se na mente e nos
envenena. O corpo peca uma vez e não tem nada mais a ver com o pecado, pois a
ação é um modo de purificação. Nada permanece, a não ser a lembrança de um
prazer ou desgosto. A única maneira de se livrar de uma tentação é entregar-se
a ela…”
Oscar Wilde, O Retrato
de Dorian Gray
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