sábado, 3 de outubro de 2015
Mito
Virá o dia em que o jovem deus será um homem,
sem sofrimento, com o morto sorriso do homem
que compreendeu. Também o sol se move longínquo
avermelhando as praias. Virá o dia em que o deus
já não saberá onde eram as praias de outrora.
Acorda-se uma manhã em que o Verão morreu,
e nos olhos tumultuam ainda esplendores
como ontem e no ouvido os fragores do sol
feito sangue. A cor do mundo mudou.
A montanha já não toca o céu; as nuvens
já não se amontoam como frutos; na água
já não transparece um seixo. O corpo dum homem
curva-se pensativo onde um deus respirava.
O grande sol acabou, e o cheiro da terra
e a rua livre, colorida de gente
que ignorava a morte. Não se morre de Verão.
Se alguém desaparecia, havia o jovem deus
que vivia por todos e ignorava a morte.
Nele a tristeza era uma sombra de nuvens.
O seu passo pasmava a terra.
Agora pesa
o cansaço sobre todos os membros do homem,
sem sofrimento: o calmo cansaço da madrugada
que abre um dia de chuva. As praias sombreadas
não conhecem o jovem a quem outrora bastava
que as olhasse. Nem o mar do ar revive
na respiração. Cerram-se os lábios do homem
resignados, para sorrir frente à terra.
Cesare Pavese, 'Trabalhar Cansa'
com a tradução de Carlos Leite
Valentin Feldman
Em 1942, jovem filósofo francês Valentin Feldman, integrante da Resistência Francesa, diante de um pelotão de fuzilamento formado por soldados do Governo de Vichy, aliado dos nazistas, gritou para seus algozes, segundos antes de eles dispararem:
- Imbecis, é por vocês que vou morrer!
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
MIOPIA
não te sentes capaz de entender
o dia de hoje, baby?
espera que ele seja o dia de ontem.
nâo te sentes capaz de entender
o dia de ontem, baby?
espera que ele seja o dia de amanhâ.
nâo te sentes capaz de entender
o dia de amanhâ, baby?
espera que ele seja o dia de hoje.
Alberto Pimenta
Louvor do Revolucionário
Quando a opressão aumenta
Muitos se desencorajam
Mas a coragem dele cresce.
Ele organiza a luta
Pelo tostão do salário, pela água do chá
E pelo poder no Estado.
Pergunta à propriedade:
Donde vens tu?
Pergunta às opiniões:
A quem aproveitais?
Onde quer que todos calem
Ali falará ele
E onde reina a opressão e se fala do Destino
Ele nomeará os nomes.
Onde se senta à mesa
Senta-se a insatisfação à mesa
A comida estraga-se
E reconhece-se que o quarto é acanhado.
Pra onde quer que o expulsem, para lá
Vai a revolta, e donde é escorraçado
Fica ainda lá o desassossego.
Bertold Brecht, Lendas,
Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas (Tradução de Paulo Quintela)
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Viver Sempre também Cansa
Alberto Pimenta, in “Rise of the Ten Tastes Mouth”
Viver sempre
também cansa.
O sol é
sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul,
nitidamente azul,
ora é
cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca
tem a cor inesperada.
O mundo não
se modifica.
As árvores
dão flores,
folhas,
frutos e pássaros
como
máquinas verdes.
As paisagens
também não se transformam.
Não cai neve
vermelha,
não há
flores que voem,
a lua não
tem olhos
e ninguém
vai pintar olhos à lua.
Tudo é
igual, mecânico e exacto.
Ainda por
cima os homens são os homens.
Soluçam,
bebem, riem e digerem
sem
imaginação.
José Gomes
Ferreira, Viver Sempre também Cansa
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Discurso do filho da puta
O pequeno filho da puta
é sempre
um pequeno filho da puta;
mas não há filho da puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho da puta.
no entanto, há
filhos-da-puta que nascem
grandes e filhos da puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho da puta.
de resto,
os filhos da puta
não se medem aos
palmos,diz ainda
o pequeno filho da puta.
o pequeno
filho da puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno
filho da puta.
no entanto,
o pequeno filho da puta
tem orgulho
em ser
o pequeno filho da puta.
todos os grandes
filhos da puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno
filho da puta,
diz o pequeno filho da puta.
dentro do
pequeno filho da puta
estão em ideia
todos os grandes filhos da puta,
diz o
pequeno filho da puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho da puta,
diz o pequeno filho da puta.
o pequeno filho da puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem
e semelhança,
diz o pequeno filho da puta.
é o pequeno filho da puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que
ele precisa
para ser o grande filho da puta,
diz o
pequeno filho da puta.
de resto,
o pequeno filho da puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho da puta:
o pequeno filho da puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja,
o pequeno filho da puta.
II
o grande filho da puta
também em certos casos começa
por ser
um pequeno filho da puta,
e não há filho da puta,
por pequeno que seja,
que não possa
vir a ser
um grande filho da puta,
diz o grande filho da puta.
no entanto,
há filhos da puta
que já nascem grandes
e filhos da puta
que nascem pequenos,
diz o grande filho da puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos
palmos, diz ainda
o grande filho-da-puta.
o grande filho da puta
tem uma grande
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o grande filho da puta.
por isso
o grande filho da puta
tem orgulho em ser
o grande filho da puta.
todos
os pequenos filhos da puta
são reproduções em
ponto pequeno
do grande filho da puta,
diz o grande filho da puta.
dentro do
grande filho da puta
estão em ideia
todos os
pequenos filhos da puta,
diz o
grande filho da puta.
tudo o que é bom
para o grande
não pode
deixar de ser igualmente bom
para os pequenos filhos da puta,
diz
o grande filho da puta.
o grande filho da puta
foi concebido
pelo grande senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o grande filho da puta.
é o grande filho da puta
que dá ao pequeno
tudo aquilo de que ele
precisa para ser
o pequeno filho da puta,
diz o
grande filho da puta.
de resto,
o grande filho da puta
vê com bons olhos
a multiplicação
do pequeno filho da puta:
o grande filho da puta
o grande senhor
Santo e Senha
Símbolo Supremo
ou seja,
o grande filho da puta.
Alberto Pimenta
terça-feira, 18 de agosto de 2015
A História
Nikola Vaptzarov
(1909-1942) Bulgária
Nasceu em 1909 em Bonsko (Bulgária). A sua profissão de mecânico permitiu-lhe o contacto com as
miseráveis condições de trabalho nas fábricas.Filiou-se no Partido Comunista em 1934 e foi um activo resistente antifascista. Foi preso em Março de 1942. Em 23 de Julho de 1942 foi condenado à morte e
abatido na mesma noite, juntamente com 11 outros homens, por um pelotão de
fuzilamento alemão. Apesar de nunca ter publicado nenhum livro em vida, é considerado um dos mais
importantes poetas búlgaros.
A 3 de Dezembro de 1953, recebeu postumamente o Prémio Internacional da
Paz. Uma selecção da sua poesia foi publicada em livro, em 1954, em Londres e a sua
poesia já foi traduzida para 98 línguas.
A nós que oferecerás,
História,
nas tuas páginas amarelecidas?
Éramos todos gente anónima,
homens de fábricas e escritórios.
Éramos camponeses!
Cheirávamos
ao fedor da cebola, do suor.
Sob os nossos bigodes caídos
praguejávamos contra a vida.
Será ao menos reconhecido
que te saciámos de factos
embebidos com abundância
no sangue de milhares de mortos?
Traçarás certamente os
contornos
e a substância será excluída.
Ninguém irá decerto descrever
o nosso pobre drama humano.
Os poetas estarão
ocupados
a compor rimas de propaganda,
mas a nossa angústia não escrita
vagueará, solitária, no espaço.
Terá sido uma vida a
relatar
a nossa? Uma vida a evocar?
Ao pesquisá-la solta-se bolor;
liberta-se venenosa exalação.
Nascíamos algures, pelos campos,
em abrigos de acaso nos silvados;
as nossas mães torciam-se com dores
mordendo os lábios ressequidos.
No Outono morríamos como
moscas,
as mulheres, no Dia dos Mortos,
gritavam, mudavam o seu lamento
em cântico só escutado pelos tojos.
Os que entre nós
sobreviveram
dobraram a espinha sob o jugo.
Como pobres animais de carga
trabalhámos não importa em quê.
Em casa, os velhos
afirmavam:
"Assim foi, assim é e será!"
Furiosos, nós cuspíamos
sobre tão estúpida certeza.
Raivosos, saíamos da
mesa,
saíamos correndo, fora, onde
uma esperança nos aflorava
como um hálito luminoso.
Esperávamos, cheios de
angústia
no ar sufocante das tavernas!
Íamos para a cama alta noite
depois dos últimos noticiários.
Como as esperanças
iludiam!
Pesava-nos um céu de chumbo
e um vento de fogo assobiava:
"Basta, não quero, não aguento!"
Nos teus volumes
espessos,
entre as linhas, sob as linhas,
o nosso sofrimento uivará
e manterá o rosto hostil.
Sobre nós,
implacavelmente,
a vida abateu pesado punho,
violento, na boca esfomeada...
Por isso a língua é-nos áspera.
Os versos que escrevíamos
então
pela noite, em troca de sono,
da rosa não liberam o perfume,
descarnados, secos, agressivos.
Não esperamos prémio dos
tormentos.
Até aos pesados in-fólios
que os séculos vão acumulando
as nossas dores nunca chegarão.
Mas ao menos, com
palavras simples
revela às multidões do amanhã
destinadas a substituir-nos
que lutámos valorosamente.
(tradução de Egipto Gonçalves)
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Mariana Pineda
O famoso poeta espanhol Federico
García Lorca recita o seu último poema, mesmo antes da sua execução, durante a
guerra civil de Espanha em Agosto de 1936, por um pelotão de fuzilamento
fascista.
“Mariana,
Que é o homem
sem liberdade?
Sem essa luz
harmoniosa e fixa que se sente por dentro?
Como poderia
te querer não sendo livre, diz-me?
Como te dar
este firme coração se não é meu? Não temas;
Como te dar
este firme coração, se não é meu?”
Mariana Pineda
foi escrita em 1925. Ela e Federico viveram em épocas onde se produziam grandes
mudanças. Ambos amaram Granada e nela viveram, onde acabaram por morrer, inocentes e executados
pela ditadura de franco.
Ainda não
Ainda não
não há
dinheiro para partir de vez
não há espaço
de mais para ficar
ainda não se
pode abrir uma veia
e morrer
antes de alguém chegar
ainda não há
uma flor na boca
para os
poetas que estão aqui de passagem
e outra
escarlate na alma
para os
postos à margem
.
ainda não há
nada no pulmão direito
ainda não se
respira como devia ser
ainda não é
por isso que choramos às vezes
e que outras
somos heróis a valer
ainda não é a
pátria que é uma maçada
nem estar
deste lado que custa a cabeça
ainda não há
uma escada e outra escada depois
para descer à
frente de quem quer que desça
.
ainda não há
camas só para pesadelos
ainda não se
ama só no chão
ainda não há
uma granada
ainda não há
um coração
António José Forte
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Dai-nos, meu Deus, um pequeno absurdo quotidiano que seja
white crow by marurenai
Dai-nos, meu Deus, um pequeno absurdo quotidiano que seja,
que o absurdo, mesmo em curtas doses,
defende da melancolia e nós somos tão propensos a ela!
Se é verdade o aforismo faca afia faca
(não sabemos falar senão figuradamente
sinal de que somos pouco capazes de abstracção).
Se faca afia faca,
então que a faca do absurdo
venha afiar a faca da nossa embotada vontade,
venha instalar-se sobre a lâmina do inesperado
e o dia a dia será nosso e diferente.
Aflições? Teremos muitas não haja dúvida.
Mas tudo será melhor que este dia a dia.
Os povos felizes não têm história, diz outro aforismo.
Mas nós não queremos ser um povo feliz.
Para isso bastam os suíços, os suecos, que sei eu?
Bom proveito lhes faça!
Nós queremos a maleita do suíno,
a noiva que vê fugir o noivo,
a mulher que vê fugir o marido,
o órfão que é entregue à caridade pública,
o doente de hospital ainda mais miserável que o hospital
onde está a tremer, a um canto, e ainda ninguém lhe ligou
nenhuma. Nós queremos ser o aleijado nas ruas, a pedir
esmola, a
a bardalhar-se frente aos nossos olhos. Queremos ser o pai
desempregado que não sabe que Natal Dai-nos, meu Deus…
há-de dar aos seus.
Garanti-nos, meu Deus, um pequeno absurdo cada dia.
Um pequeno absurdo às vezes chega para salvar.
Alexandre O’Neill
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Conselho de um velho apaixonado
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.
Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.
Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...
Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!
Carlos Drummond de Andrade
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Para ser popular é indispensável ser medíocre.
Frida Kahlo
“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.”
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Provavelmente noutro tempo
Provavelmente
noutro tempo, noutras circunstâncias
chegaríamos
a iguais resultados
pelo
que de nada adianta imaginar um almagesto
ou
tabelas de paralaxe para isto
a
que convencionalmente chamamos amor,
nem
calcular o ângulo
entre
nós e o centro da terra,
de
nada nos aproveitara, tu e eu
centros
escorraçados de irregular gravitação.
Porém,
isso não me impediu de ver plêiades
cada
vez que surgias (só
não
te dizia nada) plêiades iluminando
meu
Hades
com
suas cabrinhas coruscantes
pascendo
o
vale da sombra da morte.
E
a questão hoje é: who’s gonna drive you home tonight?
quando
o melancólico transístor
destila
também outras perguntas, mas nenhuma
tão
dura quanto essa,
por
exemplo: porque é que a água tem mais tendência
a
subir em tubos estreitos
ao
contrário do mercúrio?
Isto
é view-master e são coisas que faço
na
tua ausência.
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