Alberto Pimenta, in “Rise of the Ten Tastes Mouth”
Viver sempre
também cansa.
O sol é
sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul,
nitidamente azul,
ora é
cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca
tem a cor inesperada.
O mundo não
se modifica.
As árvores
dão flores,
folhas,
frutos e pássaros
como
máquinas verdes.
As paisagens
também não se transformam.
Não cai neve
vermelha,
não há
flores que voem,
a lua não
tem olhos
e ninguém
vai pintar olhos à lua.
Tudo é
igual, mecânico e exacto.
Ainda por
cima os homens são os homens.
Soluçam,
bebem, riem e digerem
sem
imaginação.
José Gomes
Ferreira, Viver Sempre também Cansa
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