segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

monsieur jérôme não sai de casa

monsieur jérôme não sai de casa,
despoja as paredes dos quadros para não raptarem as sombras,
brancura enevoada da alma sonâmbula
envolto no robe adormece os lábios,
dizia sossegando-se « são fragrância aquosas... »
falava do mofo do pó da sua alergia anafiláctica,
contenção espirro o gato salta de cima do colo.
uma chuva intensa sangrou a pupila.
monsieur jérôme não sai de casa,
suicidou-se pela madrugada escurecida
a bala ficou alojada no cérebro
onde ocorreu a sua última imagem
- quis ser depois, não agora

entregou seus poemas ao fogo por prudência.

miguel.luaz


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