"Porque o Kitsch mutila a Arte. O Kitsch é a
cegueira. O Kitsch é a ideia falsificada da Perfeição. É a negação dos aspectos
negativos das infraestruturas que servem de suporte a uma sociedade. É a negação da existência da merda”.
Virá o dia em que o jovem deus
será um homem,
sem sofrimento, com o morto sorriso do homem
que compreendeu. Também o sol se move longínquo
avermelhando as praias. Virá o dia em que o deus
já não saberá onde eram as praias de outrora.
Acorda-se uma manhã em que o Verão morreu,
e nos olhos tumultuam ainda esplendores
como ontem e no ouvido os fragores do sol
feito sangue. A cor do mundo mudou.
A montanha já não toca o céu; as nuvens
já não se amontoam como frutos; na água
já não transparece um seixo. O corpo dum homem
curva-se pensativo onde um deus respirava.
O grande sol acabou, e o cheiro da terra
e a rua livre, colorida de gente
que ignorava a morte. Não se morre de Verão.
Se alguém desaparecia, havia o jovem deus
que vivia por todos e ignorava a morte.
Nele a tristeza era uma sombra de nuvens.
O seu passo pasmava a terra.
Agora pesa
o cansaço sobre todos os membros do homem,
sem sofrimento: o calmo cansaço da madrugada
que abre um dia de chuva. As praias sombreadas
não conhecem o jovem a quem outrora bastava
que as olhasse. Nem o mar do ar revive
na respiração. Cerram-se os lábios do homem
resignados, para sorrir frente à terra.
Cesare Pavese, 'Trabalhar Cansa'
com a tradução de Carlos Leite
Em 1942, jovem filósofo francês Valentin Feldman, integrante da Resistência Francesa, diante de um pelotão de fuzilamento formado por soldados do Governo de Vichy, aliado dos nazistas, gritou para seus algozes, segundos antes de eles dispararem:
Nasceu em 1909 em Bonsko (Bulgária). A sua profissão de mecânico permitiu-lhe o contacto com as
miseráveis condições de trabalho nas fábricas.Filiou-se no Partido Comunista em 1934 e foi um activo resistente antifascista. Foi preso em Março de 1942. Em 23 de Julho de 1942 foi condenado à morte e
abatido na mesma noite, juntamente com 11 outros homens, por um pelotão de
fuzilamento alemão. Apesar de nunca ter publicado nenhum livro em vida, é considerado um dos mais
importantes poetas búlgaros.
A 3 de Dezembro de 1953, recebeu postumamente o Prémio Internacional da
Paz. Uma selecção da sua poesia foi publicada em livro, em 1954, em Londres e a sua
poesia já foi traduzida para 98 línguas.
O famoso poeta espanhol Federico
García Lorca recita o seu último poema, mesmo antes da sua execução, durante a
guerra civil de Espanha em Agosto de 1936, por um pelotão de fuzilamento
fascista.
“Mariana,
Que é o homem
sem liberdade?
Sem essa luz
harmoniosa e fixa que se sente por dentro?
Como poderia
te querer não sendo livre, diz-me?
Como te dar
este firme coração se não é meu? Não temas;
Como te dar
este firme coração, se não é meu?”
Mariana Pineda
foi escrita em 1925. Ela e Federico viveram em épocas onde se produziam grandes
mudanças. Ambos amaram Granada e nela viveram, onde acabaram por morrer, inocentes e executados
pela ditadura de franco.